Seu filho faz cara feia quando vê legumes no prato? Olha para
qualquer fruta e já diz que não gosta? Fique tranquila que o problema não é só
na sua casa. Algumas mães passam por esse “drama” e se desesperam mesmo. Mas
também não é para menos, né? A criança comia super bem até 1 ano e meio e
depois começa a rejeitar qualquer alimento de uma hora para outra. O que fazer?
Gritar, colocar de castigo, chantagear? Não! Nada disso funciona. Sei que na
hora a gente faz, mas depois o arrependimento “bate” feio.
“Eu estou passando por essa fase há alguns meses. Juro, não é
nada legal! O pior é ouvir de avós, amigos a fatídica frase: “nossa ela é ruim
de boca, chata para comer”. Irrita!!! Já gritei, chorei (ops, choro até hoje),
coloquei de castigo inúmeras vezes, prometi dar doce em troca, presente que ela
mais deseja, chamei atenção na frente de pessoas que não deveria, constrangi
minha filha, fiz tudo que não se deve fazer. Não resolveu! Fiz tudo que os
livros, psicólogos, pediatras, nutricionistas não recomendam. Portanto, tenho
crédito para afirmar: NÃO ADIANTA SE DESESPERAR! Sofia é uma criança de
personalidade muito forte. Não volta atrás em nada. Ceder é uma palavrinha que
ela desconhece. Resolvi mudar a tática e está melhorando um pouco, bem pouco
rsrsr. Hoje levo a Sofia para fazer as compras, ela manuseia os alimentos e
escolhe as frutas. Além disso, na hora da refeição optei por desligar a
televisão. Tem dia que o “bicho” pega e aí cedo e ligo a TV, coloco desenho no
tablet”, Danielle Campos - mãe da Sofia de 2 anos e 10 meses.
“Ainda não posso ser parâmetro para falar sobre
alimentação porque meu filho só tem 10 meses. Ele come de tudo e super bem, mas
sei que esse cenário maravilhoso pode mudar de uma hora para outra quando ele
tiver mais poder de decisão sobre o que quer ou gosta. Mas, enquanto isso não
acontece, eu vou fazendo minha parte. Eu sou adepta de uma alimentação saudável
e vou fazer de tudo para que meu filho seja também. Não frequento redes de fast
food e na minha casa não tem refrigerante, suco de caixinha, frituras, comidas
industrializadas. Isso não faz parte do nosso cardápio e não fará parte do
dele, enquanto eu tiver o poder de decidir. Eu li muito sobre introdução
alimentar e procuro seguir o que mais me identifiquei. O que mais acredito é no
exemplo. Se você quer que seu filho se alimente bem, você precisa servir de
inspiração. Outra coisa importante é a forma como você introduz o alimento na
vida dos bebês a partir dos seis meses. Além da papinha, eu sempre procurei
apresentar um alimento de cada vez para meu filho conhecer a textura, a cor, o
gosto de cada um. Corto frutas, legumes e verduras do tamanho que ele consiga pegar
e dou na mão dele para que experimente. Também é importante evitar as
distrações, como TV e tablet, na hora da refeição. A criança precisa saber o
que está comendo e sentir prazer naquilo. Eu gosto de fazer brincadeiras com
bonecos, cantar, mas nada de TV. Além disso, procuro sempre levá-lo na feira e
o incentivo a comer de tudo. Por enquanto, está dando certo. Ele come todos os
tipos de fruta com a própria mão e dificilmente rejeita um alimento. E, se um
dia ele rejeita, eu não insisto e deixo para outro dia.” – Dânae Mazzini, mãe
do Caio de 10 meses.
Listamos algumas dicas baseadas em tudo que já
lemos. Quem sabe não conseguimos ajudar outras mães.
- Seja o exemplo sempre. Desde cedo seu filho
costuma imitar tudo que você faz e com alimentação não é diferente. Se ele ver
o seu prato todo colorido com legumes e verduras, vai ficar muito mais
interessado em fazer o mesmo.
- Faça uma boa introdução alimentar. A principal
maneira de fazer com que as crianças comam bem é educar. É importante
apresentar frutas e vegetais em seu formato original desde cedo. Assim, ela
conhece o formato, a cor e o gosto das coisas e fica sempre aberta a
experimentar coisas novas.
- O bebê pode demorar até 20 vezes para gostar de
um alimento. Portanto, se ele cuspir um alimento, não desista. Apresente-o de
maneira diferente, varie a forma de preparo. Você só pode dizer que seu filho
não gosta de determinada coisa, depois de oferecer 20 vezes para ele. Óbvio que
em dias e momentos diferentes.
- Ofereça a maior variedade alimentos possíveis
para a criança, inclusive coisas que não aparecem muito no cardápio infantil, como
quinoa, grão de bico, linhaça, frutas e legumes diferentes. Se o prato deles se
resumir a arroz, feijão, batata, cenoura e carne, ela não vai ter o hábito de
experimentar e seu paladar ficará muito limitado. Quanto mais variar o cardápio
da criança, mais ela será aberta a experimentar novos sabores.
- Evite doces e alimentos industrializados. Muitas
pesquisas defendem que as crianças devem ficar longe dos doces até, pelo menos,
dois anos de idade e isso inclui biscoito (inclusive os de maisena), gelatinas,
balas, chocolate e o próprio açúcar, que não deve ser usado em sucos e
mamadeiras, até porque a criança não sente falta daquilo que não conhece. Suco
de caixinha é basicamente a mesma coisa que refrigerante, tem a mesma
quantidade de açúcar e a maioria tem aditivos, corantes. Prefira sempre os
naturais e não exagere.
- Substitua o sal por ervas e temperos frescos.
Comida de criança não precisa ser sem gosto, mas ao preparar o alimento do seu
filho, deixe o sal de lado e invista em temperos mais naturais, como alho,
cebola, salsinha, cebolinha, manjericão, cominho, entre outros. Ter uma
hortinha em casa é uma maneira ainda mais eficiente de estimular a criança a
gostar dessas coisas.
- Não trate alimentação como ferramenta de punição
ou benefício. Não caia na tentação de prometer um doce ou um brinquedo se o seu
filho comer tudo. Deixá-lo de castigo no caso de não comer, também só vai
tornar a hora da refeição traumática.
- Use a criatividade na hora de servir os
alimentos. Apresentação é tudo. Abuse dos pratos divertidos, coloridos, da
fantasia (espinafre do Popeye, por exemplo), e dos jogos em família (que tal
cada um ter que experimentar um novo alimento a cada refeição?).
- O responsável pelas ofertas de alimentos em casa
é você. Se o armário de guloseimas está cheio e a fruteira vazia, provavelmente
foi uma decisão sua.
- Merenda não é lugar de besteira. Se você colocar
biscoito na lancheira, ela vai entender que aquilo é um hábito e vai pedir
sempre. O mesmo acontece nos fins de semana. Se você condiciona a criança a
comer besteira no fim de semana, ela não vai mais querer outra coisa.
- Procure criar uma rotina colocando horário para o
café da manhã, lanche, almoço, lanche da tarde e jantar. Fica mais fácil de relacionar
a fome com a hora da comida. Pode ser difícil no início, mas depois o organismo
acostuma. Tente manter a mesma rotina nos fins de semana.
- Se ela não quiser almoçar o que você preparou,
não ofereça guloseimas, tipo um nugget, ou troque por um alimento que ela mais
gosta, como uma fruta ou vitamina. Espere ela dizer que está com fome ou tente
de novo na próxima refeição.
- Evite os beliscos e lanches entre as refeições. Assim,
a criança terá mais apetite e comerá melhor.
- Na hora da refeição, procure manter a criança
sentada à mesa sem distrações (como TV e tablets), não encha demais o prato e
respeite a saciedade dela. Também evite oferecer água ou suco durante a comida.
- Procure fazer as refeições em família. Mesmo que
seu filho ainda seja um bebê, coloque a cadeirinha dele junto à mesa para que
ele participe do momento. É muito mais divertido e prazeroso para a criança
sentar com os pais. Ela ficará mais estimulada e comerá melhor.
- Envolva a criança em todo o processo da
alimentação, seja para ir ao mercado escolher os alimentos até na hora de
preparar o prato ou o suco. Ela terá muito mais interesse em comer aquilo que
ajudou a preparar, fora que é uma agradável brincadeira.
- Evite se aborrecer tanto com opiniões de amigos e
familiares. Isso só aumenta o estresse e faz você descontar no seu filho.