quinta-feira, 20 de agosto de 2015

BLW (Baby Led Weaning)


 

Por Dani Mazzini 

Chegou a hora de introduzir alimentos na vida do bebê. A ordem recomendada pela maioria dos pediatras e seguida a risca há alguns bons anos é, primeiro suco de laranja lima, depois papinhas de frutas amassadas, e depois papinhas salgadas, também amassadas e com os legumes e carnes todos misturados. Para tudo! Há um tempo uma nova forma de oferecer alimentos para o bebê vem ganhando fama e adeptos por aí, é o BLW – Baby Led Weaning.
Criado pela britânica Gill Rapley, consultora em saúde e autora do livro Baby-led Weaning: Helping Your Baby To Love Good Food ("Baby-led Weaning: ajudando seu bebê a amar boa comida", em português), o termo refere-se a uma alimentação guiada pelo bebê sem o uso de colheres, papinhas ou mingaus. A ideia é incentivar a autonomia dos pequenos na hora das refeições, oferecendo os alimentos em sua forma natural, cortados em pedaços em um tamanho que eles consigam segurar com as mãos e levar até a boca. Assim, a criança vai comer o que quiser e na velocidade que quiser, sem pressão por parte dos pais – o que a incentiva a ter maior confiança. 
Segundo o método, os alimentos devem ser oferecidos assim a partir dos seis meses, quando os bebês deixam de ser alimentados exclusivamente pelo leite materno e quando são capazes de sentar e segurar o alimento e levar até a boca. As refeições devem ser feitas em família, com todos sentados à mesa, inclusive o bebê. 
Entre as principais vantagens da BLW estão o incentivo à mastigação - importante no desenvolvimento motor da criança - e a possibilidade da criança descobrir cada sabor e discriminar frutas e legumes. Com o alimento picado, a criança sente o gosto, a consistência e outros detalhes que não seriam possíveis em uma papinha. Além disso, sem ser batido ou triturado no liquidificador, o alimento mantém propriedades importantes, como as fibras que podem auxiliar no bom funcionamento intestinal. Outro benefício é que o fato de o bebê comer de forma devagar, aprendendo aos poucos a mastigar sua comida, também combate a obesidade infantil. De acordo com um estudo conduzido por uma equipe da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, bebês que tiveram a introdução dos sólidos baseada na técnica BLW são mais propensos a comer de forma saudável e a ter um bom IMC (índice de massa corporal) na vida adulta. 
Eu conheci o método quando comecei a ler sobre introdução alimentar. Eu assisti muito ao programa da Gabriela Kapim, no GNT, “Socorro, Meu Filho Come Mal”, e tinha (e ainda tenho) pavor de que meu filho se tornasse uma criança chata pra comer e muito seletiva, como as que eu via no programa. Por isso, passei a ler muito sobre o assunto para que ele tivesse uma boa introdução alimentar. Foi assim que cheguei até a técnica. Como eu voltei a trabalhar quando ele tinha cinco meses e iria deixá-lo aos cuidados de uma babá, não podia abrir mão da papinha, já que eu não estaria ali controlando a alimentação, e tomando os cuidados necessários para que ele não engasgasse. Mas, desde o início, sempre que podia, oferecia a ele as frutas e legumes da forma mais natural possível. Dava mais trabalho porque ele se sujava todo, mas valia a pena ver o prazer dele em descobrir os alimentos. Aos cinco meses e meio, passei a oferecer as frutas (banana e mamão) na mão dele. E, para minha surpresa, ele aceitou numa boa. Aos seis meses, passei a oferecer legumes em palitos e árvores de brócolis e ele também comeu super bem. Outra coisa importante é que, sempre que posso, faço questão de colocá-lo na mesa com a gente, mesmo que ele já tenha almoçado, e o deixo à vontade para pegar os alimentos do meu prato com as mãos. E ele adora. 
Hoje, com 1 ano, ele come quase tudo e muito bem. Pode ser uma característica dele, sim, mas acredito que a forma como comecei a oferecer as refeições fizeram diferença. Outra coisa que percebo é que o método foi muito importante para a coordenação motora dele. Desde muito cedo, ele segura perfeitamente os alimentos com as mãos e os leva à boca, e agora está começando a fazer isso com os talheres. Além disso, ele tem muito mais controle de mastigação e de controlar os engasgos. 
Por falar em engasgos, esse é o principal temor de nós mães ao começar essa técnica. Não é impossível engasgar, mas se tomarmos alguns cuidados a técnica é extremamente segura. O principal deles é garantir que o bebê esteja sentado, ereto, e mantenha controle sobre o que entra na sua boca. É importante que os pais não tentem ajudar a criança a comer, segurando o alimento em sua boca. Falo por experiência própria, meu filho nunca engasgou. O mais frequente é o chamado gag reflex, um reflexo frequente quando as crianças ainda estão se habituando com os alimentos sólidos. A diferença é que, nesse caso, o bebê não fica com a passagem de ar obstruída. Ele apenas se atrapalha – às vezes, os olhos enchem de lágrimas por alguns instantes –, mas ele mesmo consegue manejar o alimento e desengasgar rapidamente. 

Como fazer o BLW? 
Depois de colocar o bebê sentado, junto à família, na hora das refeições, é importante disponibilizar alimentos apropriados. Pense em porções e formatos que a criança consiga pegar com as mãos e levar sozinha à boca. Cenouras cozidas e cortadas em forma de palitos ou ramos de brócolis, também cozidos, são boas alternativas. No início, é esperado que seu filho mais brinque com os alimentos do que coma. E tudo bem! 
Outra boa dica é esquecer o prato, pelo menos no começo, quando o objeto desperta na criança tanto interesse quanto os alimentos em si – um dos primeiros impulsos do bebê é virá-lo para olhar o fundo. E lá se vai toda a comida. Limpe bem a cadeira dele antes e depois das refeições e disponha o alimento direto na mesinha. Forre o chão, onde você colocará a cadeira, com um plástico. Assim, fica mais fácil recolher a sujeira. 

Cuidados com o BLW 
- Certifique-se de que seu bebê está sentado para comer
- Não deixe que ninguém, salvo a própria criança, coloque comida na boca dela
- Explique como o Baby-led Weaning funciona para qualquer pessoa que for tomar conta do seu filho
- Nunca o deixe sozinho com a comida. E fique sempre de olho. 
- Não ofereça sementes e castanhas
- Corte pequenos alimentos, como azeitonas, uvas, tomates cereja e ovos de codorna, na metade ou em quatro pedaços e remova qualquer caroço.






 

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